quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Florosfera

Lagartamento que comem para parar,
Útero adentro refletem a cogitar,
Saem sentido vento,

Florescem à brisa.

Experientes ao caule, secam
E molham o ar...

Eis que surge a Florosfera!

domingo, 22 de janeiro de 2012

A Crença no Fazer


Tem um tempo que venho pensando como as coisas vão se construindo nesta vida.
A minha primeira recreação de aniversário foi em 2008. Eu tinha em mãos algumas sacolas de supermercado com colheres, limão, ovos e uma mãe que acreditava que aquilo ia dar certo... Aí pensei comigo: não sei o que vou fazer!!!

Mas aconteceu. É isso que importava. Meu primeiro nervosismo, coisa de quem entra no palco, se calou quando as crianças começaram a compartilhar ideias de brincadeira.

Naquela ocasião a dança do limão, o ovo na colher e o pega-pega eram tudo que vinha da minha criatividade.

Mas foi nessa recreação que descobri uma coisa que pra mim é um lema: não importa o que aconteça, não importa qual é a atividade. O importante é fazer a coisa acontecer.

Quando falo a coisa me refiro a invocação do espírito brincante. Sou brincante de bandeira em estandarte, não apenas porque brinco, mas porque neste meu trabalho faço-o com muita dignidade, respeito a infância e principalmente: prazer!

É deste prazer que vem o foco nas possibilidades que o tempo todo está me levando para um lugar comum entre mim e a criança e transformam os erros em pontes para alcançar os ajustes.

Assim, se pudesse falar uma daquelas coisas tipo, como os sábios de barba branca e lisa dos contos, falaria: acredite no que você faz e fará bem.

Essa metodologia de vida tem dado certo por uma coisa simples e favorecedora que é a intuição tão fundamental no mundo infantil

Assim que venho me fazendo, a trancos, barrancos, vales e alpes... E com aquele friozinho na barriga neste eterno sobe e desce da vida.

Lulúdico

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A ÁRVORE DA SERRA (Augusto dos Anjos)




— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!


— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...


— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,


Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!


Este poema retrata muitas das atrocidades invisíveis que são feitas com as crianças

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Um cachorro e minha brincadeira



Eu estava num ponto de ônibus ao lado de um rapaz, que estava ao lado de uma moça. Passou um cachorro. Olhou para mim, olhou para o rapaz e olhou para a moça. Nela parou. O au-au, deve ter pensado alguma coisa - pensei. O importante é que parou.
Olhou a moça e consentiu um carinho. Logo, foi acarinhado na nuca, deitou, barriga pra cima. Acarinhado com pé e ainda com carinho.
O ônibus da moça chegou. Quando ela levantou e vi suas costas apareceu a tatuagem de um gato.

Você pode depois do fato até achar a tatuagem do gato meio nada com nada. RS! Mas creio que a energia daquela figura de aparência humana (a garota) atrai os bichos. Vamos supor que ela na verdade já conhecesse o cachorro, mas ela o atraiu em outro momento então. Eu e o companheiro ao meu lado no ponto provavelmente só percebemos aquele cachorro quando ele parou nela. "Inclusive eu estava começando a desconfiar do cachorro quando ele parou; sei lá do que são capazes...".
O mais incrível pra mim é pensar que nessas brincadeiras de ver a vida, creio: cada um atrái um tipo de energia pra si mesmo.

O que você tem atraído pra si?

Pra mim?:

- Minha história é brincar mesmo. Hahahahaha

quinta-feira, 10 de março de 2011

Armas de brinquedo


Há certa polêmica, já virou até assunto do congresso e todos têm alguma opinião. Armas de fogo de brinquedo na mão de crianças, e aí?

Por um lado temos a possibilidade de uma proibição. Tem-se um ganho que é dificultar o uso pedagógico errado para as crianças que utilizam esse brinquedo. Por outro, poderíamos abrir a jaula da produção clandestina ficando sujeitos a produtos tóxicos, armas que ofereçam perigos as crianças e uso indiscriminado pelas mesmas, informações estruturais inadequadas aos brinquedos, mercado ilegal, etc.

No outro pólo temos a liberação das arminhas, que podem de alguma forma ajudar as crianças  a tomar gosto pela coisa, a entender do que se trata e nos piores casos despertar práticas de vandalismo.

Pessoalmente creio que no contexto que vivemos temos um ambiente hoje que não é o mesmo em que as armas eram criadas.

Meu pai usava o badogue para acertar desde latas até pássaros e cobras venenosas de longe. Ele era um dos melhores atiradores da roça que passava férias. Chegava a acertar em fios de energia para exibir sua pontaria.
Hoje em dia isso, seria no mínimo inescrupuloso.

As armas vendidas hoje não são semelhantes às armas vendidas ontem.

A indústria de brinquedos mascara as armas com os personagens que as utilizam. Temos por um lado o Max Steel com armas que parecem metralhadoras, temos de outro Star Wars com espadas e pistolas magnéticas altamente destrutivas. Sem falar, nas bombas, socos potentes e outras coisas mais que vêm nos bonecos. E o Ben 10 que tem uma gangue dentro um relógio. HAhahahahaha... Essas armas têm o exato sentido de todas as outras: um objeto usado para atacar ou ameaçar um ser.

As armas são artifícios necessários para o mundo dos adultos e sendo assim tornam-se legalizadas e talvez nunca deixem de existir enquanto o planeta estiver habitado por humanos. É um objeto paradoxo, pois é construída por um extinto de sobrevivência, já que as primeiras armas foram usadas para animais e na guerra, sendo que provavelmente a primeira guerra pode ter iniciado na própria tribo ao passarem fome, perderem posses e outras adversidades do mundo ancestral.

Destarte, é possível que tenhamos muitas armas em nossas casas sem mesmo percebermos, como os dentes e unhas, por exemplo. Agora, o que tornará essas armas brinquedo ou não é a forma lúdica, o significado "brincante" que construímos sobre elas junto com os filhotinhos.

Então vão algumas dicas de psicólogo:

  1. Lembre-se que ele tem uma lógica diferente da sua e que precisa dar vazão às coisas brincando;
  2. Tentem observar quando e como o seu filho brinca com armas;
  3. Estejam atentos aos ícones e símbolos que seus filhos utilizam para atacar e se defender;
  4. Qual ou quais são os alvos mais comuns dele;
  5. O que constrói, de que é feito, o que está nas entrelinhas deste alvo (vilão, animal, fantasia, desenho animado...);
  6. Se o alvo for o pai ou a mãe, ou pessoas próximas se lembrem que há uma ou umas característica de personalidade implícita nessa escolha de alvo e não a personalidade toda dos entes em si;
  7. Lembre-se que entre os 8 a 10 anos ele simboliza as coisas e muitas vezes não as trata com seu sentido real, então o mais importante é a conceitualização, o sentido das coisas;
  8. As crianças não são violentas por se interessarem por armas.

Há pessoas que possuem armas de fogo e nunca precisaram utilizá-la; depende de como cada um constrói o conceito sobre o que está sendo utilizado, seja arma ou qualquer outra coisa.

Lembra do meu pai? Ele nunca brigou...

Para maiores informações: